terça-feira, 12 de maio de 2009

Governo do Rio Grande do Sul proíbe escolas itinerantes do MST

Como um dos principais problemas do Brasil, sempre acreditei que para educar não deve haver empecilhos e as restrições deveriam ser quase inexistentes. Caiu por terra meu achismo.

Há mais de 12 anos o Movimento dos Sem Terra (MST) dá condições de aprendizado e educação para as crianças que acompanham seus pais na luta pela reforma agrária.

Foi em 1996 que o Conselho Estadual de Educação aprovou a proposta da Escola Itinerante. Trata-se de uma escola estadual financiada por dinheiro público com um custo mensal de apenas 20 mil reais. E vem a cumprir a carga horária de aulas e conteúdos mínimos de acordo com a base curricular nacional.

Em novembro de 2008 o Ministério Público Estadual e a Secretaria de Educação firmou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que tem como um de seus propósitos, acabar com as aulas itinerárias do MST, sob pena de multa de um salário mínimo por dia.

Cerca de 300 crianças estão sem aulas e seus pais têm sofrido ameaça do Estado por não matricularem seus filhos na rede municipal.

Educação para todos, não importa como ou de onde vem. O fato é que o governo não conseguiria oferecer estrutura - como transporte - para cumprir com os direitos destas crianças à instrução. O objetivo de atingir movimentos sociais de esquerda está fazendo com que estas crianças arquem com os prejuízos,e o pior, atrapalhando o que mais temos lutado para acertar: a educação.

Só para lembrar...

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Artigo XXVI

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.


PS: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=6338

Folha de S.Paulo saiu da casca

Linha editorial: é importante assumir a lógica e seus valores de mundo

O jornal de maior circulação do Brasil, no dia 17 de fevereiro deste ano, declarou-se conivente e simpatizante com o movimento militar aqui, entre 1964 e 1985 - a até então conhecida como ditadura.

Neste dia, em seus ataques comuns ao presidente venezuelano Hugo Chávez, ao comparar os regimes autoritários da América Latina, referiu-se ao nosso histórico regime de torturas e mentiras como "ditabranda". Mesmo que em uma comparação - infeliz, diga-se de passagem - nada justifica ou "branda" o trocadilho mal encarado deste impresso.

A revista "Caros Amigos" questionou se havia alguma tendência de "suavizar" a imagem da ditadura. Eu creio que talvez exista algum propósito de aliviar a sua culpa na participação direta no regime. Por ter um dia se portado como a vidente das mortes misteriosas de militantes de esquerda.

Não acredito que o veículo tenha errado em sua posição, ou declaração, estava apenas assumindo o que há muito tempo definiu como linha editorial.


Charge: Carlos Latuff.(clique na imagem para ampliá-la)